Presidência da República
Gabinete do Presidente
APELO À NAÇÃO
Proferido por Sua Excelência o Presidente da
República,
Também em nome de
Sua Excelência o Presidente do Parlamento Nacional
e de
Sua Excelência o Primeiro-Ministro
Palácio das Cinzas, 5 de Outubro de 2006
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APELO À NAÇÃO
Estamos a chegar à hora da Comissão Especial de Inquérito
Independente emitir o seu Relatório. Desde que as Nações Unidas
nos trasferiram o poder para nos tornarmos um Estado independente
no passado dia 20 de Maio de 2002, esta foi a primeira vez que o
nosso Estado, com total franqueza e abertura, pediu às Nações
Unidas para criar uma comissão a fim de investigar a situação no
nosso país. As Nações Unidas acederam ao pedido dos órgãos de
soberania Timorenses e criaram uma comissão, denominada
Comissão Especial de Inquérito Independente.
O mandato que as Nações Unidas atribuiram à Comissão Especial
de Inquérito Independente foi:
• Estabelecer os factos e as circunstâncias relativas aos incidentes
de 28 – 29 de Abril e de 23 a 25 de Maio e outros eventos e
assuntos relevantes que contribuíram para a crise, incluindo as
questões relacionadas ao funcionamento do sector de
segurança;
• Clarificar as devidas responsabilidades relativas aos
acontecimentos acima mencionados;
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• Recomendar medidas que garantam responsabilidades por
crimes e violações sérias de direitos humanos, alegadamente
cometidas no período acima mencionado, sob a
responsabilidade do actual sistema judicial de Timor-Leste;
Timor-Leste fez chegar este seu pedido para a criação de uma
Comissão em 8 de Junho passado, quando o Dr. Ramos-Horta, na
sua qualidade de Ministro de Negócios Estrangeiros e Cooperação,
solicitou a Sua Excelência o Secretário-Geral da ONU, Dr. Kofi
Annan, para criar uma Comissão de Inquérito Especial
Independente. A carta que Dr. Ramos-Horta enviou, fê-lo em nome
de Timor-Leste, com o compromisso de que o Governo de Timor-
Leste, e de todos nós, havemos de garantir que o resultado deste
inquérito, reforce o sector de segurança e a responsabildade pelas
violações criminais e pelas violações contra os direitos humanos
cometidos durante a crise.
Caros Compatriotas
Povo de Timor-Leste
Chegou a hora de todos nós recebermos o resultado do trabalho da
Comissão e todas as suas recomendações, para nos ajudar a
desenvolver o sector de segurança e de respeito pelos direitos
humanos, pôr termo à violência política, para que esta crise nunca
mais se repita no nosso país.
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É para ajudar o Estado, e não para ajudar uma pessoa ou um líder
ou outro. É para ajudar o Estado a florescer, de acordo com as vias
democráticas e de Estado de Direito.
Enquanto órgãos de soberania, o Presidente da República, o
Presidente do Parlamento Nacional e o Primeiro-Ministro, hoje, nós,
aqui juntos nesta conferência, temos uma só voz.
Nós ainda não vimos o relatório que a Comissão Especial de
Inquérito Independente vai publicar. Só sabemos que a Comissão irá
emitir o seu relatório com as suas recomendações dentro de dias.
Sabemos também que o Relatório e as recomendações que a
Comissão irá emitir, poderão ser duros para muitas pessoas, duros
para os líderes, duros para os cidadãos, para os civis, para as forças
militares e policiais. Mas este será um peso a acarretar pelo próprio
Estado.
Por isso mesmo, hoje, o Primeiro-Ministro, o Presidente do
Parlamento Nacional e o Presidente da República, estão aqui
reunidos, no Palácio das Cinzas, para vos fazer chegar o seguinte
apelo:
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Todos nós devemos receber bem o relatório e as recomendações que
a Comissão Especial de Inquérito Independente irá emitir para a
nossa jovem nação.
Todos nós devemos receber o relatório com serenidade e com a
devida responsabilidade, porque esta foi a grande caracterísitica já
demonstrada por todo o nosso povo durante os vinte e quatro anos
em que o povo alicercou a resistência nacional para conquistar o
direito a auto-determinaçã o e independência.
Todos nós devemos receber, com a devida dignidade, com
hombridade e coragem, tal como o nosso Povo já demostrou, em 30
de Agosto de 1999, sete anos atrás, quando o povo marchou para as
estações de voto espalhados por todo o território, para registar o seu
voto, para pôr fim à ocupação ilegal do nosso país, e conquistar a
independência.
Estes passos históricos do nosso país, foram também dados com o
apoio das Nações Unidas, dentro do quadro legal da ONU, de
acordo com o direito internacional.
Compatriotas
Povo de Timor-Leste
Mais uma vez, com o apoio da ONU, todo o nosso Povo vai receber
as recomendações da Comissão que a própria ONU instituiu, a
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Comissão que fomos nós próprios que solicitámos à ONU para
constituir, para nos ajudar a compreender exactamente a razão
porque esta crise aconteceu no nosso país.
Quando, dentro de dias, a Comissão Especial de Inquérito
Independente, emitir o seu relatório de investigação, de acordo com
o que foi mandatada, todos nós, enquanto uma nação e um povo,
todos os líderes e todos os cidadãos, num espírito de diálogo e
reconciliação, num espírito de justiça e unidade nacional, com
coragem e serenidade, todos nós, vamos receber este relatório e todas
as suas recomendações e transformá-los num relatório que é nosso,
para o bem da nossa Nação!
De nós os três para todos vós, vão as nossas saudações calorosas e os
nossos votos de boa saúde!
Thursday, October 12, 2006
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