A oposição à Fretilin vê na eleição de Fernando "La Sama" de Araújo para presidente do parlamento "uma indicação clara" para o chefe de Estado convida

Díli, Timor-Leste 30/07/2007 11:47 (LUSA)
Temas: Política, Parlamento, Partidos e movimentos
Díli, 30 Jul (Lusa) - A oposição à Fretilin vê na eleição de Fernando "La Sama" de Araújo para presidente do parlamento "uma indicação clara" para o chefe de Estado convidar a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) a formar governo.

Fernando "La Sama" de Araújo é presidente do Partido Democrático (PD), um dos quatro partidos da AMP que pretendem formar o IV Governo Constitucional, em alternativa à Fretilin.

A Fretilin venceu as eleições de 30 de Junho sem maioria absoluta, pelo que, um mês depois o país continua a aguardar pla formação do IV governo constitucional.

À falta de um acordo entre a Fretilin e a AMP para a formação de um governo "de grande inclusão", José Ramos-Horta deverá decidir quarta-feira, 01 de Agosto, sobre quem vai chamar à governação.

"Esta eleição dá razões concretas ao Presidente da República para convidar a AMP", afirmou Fernando "La Sama" de Araújo, sublinhando que não quer fazer mais comentários dado que agora é presidente do parlamento.

"Hoje era um teste para se verificar se a AMP cumpria a sua promessa de estabilidade com maioria no parlamento e passámos esse teste", declarou Mário Viegas Carrascalão, presidente do Partido Social-Democrata e um dos líderes da Aliança.

"De acordo com a indicação que temos, o Presidente vai decidir a partir do resultado da eleição de hoje", acrescentou o líder do PSD e ex-governador de Timor-Leste designado pela Indonésia quando ocupou o território.

Entre o partido maioritário, a convicção é diferente, "porque em política 2+2 nem sempre são quatro", como disse à Lusa um dirigente da Fretilin à saída do plenário.

"Não vejo nenhuma indicação nesta eleição e espero que o Presidente também não veja", declarou o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, à agência Lusa.

"Não temos dúvida de que a Fretilin, como partido mais votado, será a escolha do Presidente da República para formar governo", acrescentou o ex-primeiro-ministro.

Aniceto Guterres, o candidato derrotado por Fernando "La Sama" de Araújo, respeitou o resultado mas afirmou à Lusa que "democracia e política são coisas diferentes".

"Quando a votação ocorre com um bloco que já está formado por razões políticas, a democracia deixa de funcionar", queixou-se o deputado da Fretilin, um ex-elemento da RENETIL, a organização de juventude da Resistência que foi liderada por Fernando "La Sama" de Araújo.

O sucessor de Francisco Guterres "Lu Olo" foi eleito por 41 votos contra 24.

A Fretilin tem 21 assentos no parlamento mas tanto Mari Alkatiri como Aniceto Guterres levantaram a hipótese de nem toda a bancada ter votado no seu candidato.

Mesmo admitindo que Aniceto Guterres obteve todos os votos da Fretilin, notaram dirigentes do partido e da oposição, "fica por saber qual dos aliados da Fretilin dividiram o seu voto": a Aliança Democrática KOTA/PPT (dois assentos) ou a UNDERTIM (dois assentos).



PRM

Lusa/fim