Tuesday, May 23, 2006

Timor-Leste: Calma aparente na capital, Polícia sem registo de incidentes

Timor-Leste: Calma aparente na capital, Polícia sem registo de incidentes


Díli, 24 Mai (Lusa) - Díli anoiteceu hoje aparentemente calma, sem gente nas ruas e sem registo de incidentes, situação que se mantém nos arredores da cidade onde o Quartel-General das Forças Armadas foi atacado por militares revoltosos.

Segundo fonte da Polícia Nacional de Timor-Leste não há qualquer registo de incidentes, nem confirmação dos rumores que davam conta de distúrbios protagonizados por jovens, armados com catanas, em vários pontos do centro da capital.

A polícia enfrenta, entretanto, dificuldades face à acentuada diminuição de efectivos, uma realidade que se verifica desde há cerca de três semanas, mas que nos últimos dias se tornou mais evidente.

"Actualmente temos apenas 15 efectivos na sede do comando distrital de Díli, unidade onde estão colocados mais de 400 efectivos, e no Quartel-General, em Caicoli, estão ao serviço cerca de 30 efectivos, acompanhados dos comandantes operacionais", disse a fonte, sem adiantar outra informação.

Também fontes militares contactadas pela Lusa confirmam não ter registo nas últimas horas de incidentes fora da capital, uma situação que vai ao encontro das declarações do primeiro-ministro Mari Alkatiri, que garante que a "situação está controlada" tanto em Díli, como no resto do território.

Alkatiri reconhece, todavia que "a população em geral vive um clima de medo e de pânico", o que "é difícil de se gerir", mas promete apanhar os "que começaram com a violência".

Segundo o administrador distrital de Bacau, Luís Aparício, muitas das dezenas de milhares de pessoas que tinham deixado a capital depois dos confrontos ocorridos no final de Abril regressaram a Díli, mas a violência registada terça-feira e hoje originou um novo movimento para aquela cidade, embora em menor escala.

Durante a tarde de hoje em Díli, eram muito poucas as pessoas nas ruas, os habituais vendedores com os seus triciclos de venda deixaram de ser vistos e, apesar de alguns restaurantes e bares continuarem a funcionar, o serviço é garantido pelos proprietários, dada a falta de funcionários.

Confrontos opuseram hoje de manhã forças de segurança e militares revoltosos junto ao Quartel-General das Forças Armadas em Taci Tolo, na entrada ocidental da cidade, que se estenderam ao longo do dia a uma das saídas para sul, em direcção a Aileu, e ao bairro citadino de Audian.

Segundo o Governo, um agente da Polícia Nacional morreu e há um ferido entre os militares que seguiam na lancha "Oecussi", da componente naval das Forças Armadas, que interveio para conter as posições dos militares rebeldes comandados pelo major Alfredo Reinado.

Do lado dos militares revoltosos há igualmente uma vítima.

Na quinta-feira aguarda-se a chegada a Díli de um avião australiano, com os primeiros efectivos dos cerca de 1.000 a 1.300 militares que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Alexander Downer, hoje anunciou ir enviar no quadro do pedido de envio de uma força policial e militar internacional.

Portugal, Nova Zelândia e a Malásia são os outros países aos quais as autoridades timorenses solicitaram ajuda para contribuir para a estabilização da situação de segurança no país.

Lisboa já prometeu enviar um batalhão da GNR, no quadro de uma missão internacional, para ajudar Timor-Leste a repor a ordem no país.

EL.

Lusa/Fim

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